segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Utopia (Padre Zezinho).

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança













 
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar












Meus pais não tinham
Nem escola e nem dinheiro
Todo dia o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso, seu olhar
















Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estrepolia
E mamãe nos defendia
E tudo aos poucos se ajeitava





















 O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então pedia
Ver papai cantar pra gente
















Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente




















Correu o tempo
E eu vejo a maravilha
De se ter uma família
















Enquanto muitos não a tem













Agora falam
Do desquite ou do divórcio












O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém

















Há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais














Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chame a isso de utopia


















Eu a isso chamo paz.





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